Pois é, chegou nesse finzinho de verão, e chegou causando! Tem o olhar mais doce do mundo, mas é muito bagunceiro!!! Sua brincadeira favorita é derrubar seu pote de água e deitar em cima. Talvez seja essa a única maneira de apaziguar seu calor... Lindo, lindo, lindo... Impossível não se apaixonar por SURYA.
sexta-feira, março 02, 2007
Uma Introdução ao Hinduísmo
Há algum tempo, desde que assumi o nick Sarasvati, venho estudando e divulgando as raízes do pensamento Hindu, que muitos poucos conhecem. Resolvi começar essa tarefa desmistificando algumas deusas, como Kali, Lakshmi, Parvati entre outras, que eram mal-interpretadas pela comunidade pagã. Mas percebi que deixei uma lacuna, pois é preciso que se conheça as bases da cultura para que se possa compreendê-la. Por esse motivo resolvi publicar esse artigo, que não tem a “pretensão” de explicar o inexplicável, mas sim de lançar uma semente para que, a partir dele, os leitores possam por si mesmos procurar entender e compreender o pensamento indiano.
O Hinduísmo é essencialmente um fenômeno indiano. É a fé dominante na Índia, praticado por mais de 80% da população. Já que a religião é um modo de vida, o Hinduísmo forma uma parte integral de toda a tradição indiana. Eu vou apresentar aqui somente uma breve discussão nas bases dessa religião universal.
Definição
Não é nem um pouco fácil definir Hinduísmo, pois ele é mais do que uma religião no sentido ocidental. Também conhecido por seus praticantes por Sanatana Dharma, o que significa religião duradoura ou religião/verdade/regra eterna, o Hinduísmo pode ser mais bem definido como um modo de vida baseado nos ensinamentos de sábios e escrituras antigas como os Vedas e os Upanishads. A palavra dharma conota ‘o que sustenta o universo’ e na verdade significa qualquer caminho de disciplina espiritual que leva a Deus.
O Hindu Dharma pode ser comparado a uma árvore frutífera, com suas raízes representando os Vedas e os Upanishads, seu tronco grosso simbolizando as experiências espirituais de inúmeros sábios e santos, seus galhos representando várias tradições teológicas, e os frutos em si, com diferentes tamanhos e formas, simbolizando várias seitas e subseitas. No entanto, o conceito de Hinduísmo resiste abertamente a uma definição definitiva devido sua singularidade.
Singularidade
O Hinduísmo não tem um fundador, ou qualquer doutrina central para onde as controvérsias possam se referir para uma resolução. Também não há um ponto no tempo quando pode-se dizer que ele se iniciou. Não é necessário que seus partidários aceitem qualquer idéia, e por isso é cultural, não doutrinário, com uma história contemporânea às pessoas com as quais é associado. Também é marcado por uma atitude que parece acomodar perspectivas religiosas e culturais em vez de perspectivas próprias, e por isso é caracterizado por uma rica variedade de idéias e práticas resultando no que parece ser uma multiplicidade de religiões sob o termo ‘Hinduísmo’.
O Hinduísmo é talvez a única tradição religiosa que é tão diversificada que é como uma compilação de religiões. O Hinduísmo nunca pode ser classificado em qualquer sistema de crença particular – monismo, teísmo, monoteísmo, politeísmo, panteísmo, panenteísmo – já que todos esses sistemas estão refletidos em suas muitas facetas.
Origem
De acordo com os historiadores, a origem do Hinduísmo tem cerca de 5.000 anos ou mais. A palavra Hindu vem do nome do Rio Indo, que corre no norte da Índia. Em tempos antigos o rio era chamado de ‘Sindhu’, mas os persas que migraram para a Índia o chamaram de ‘Hindu’, a terra de ‘Hindustão’ e seus habitantes de ‘Hindus’. Por isso a religião seguida pelos Hindus veio a ser chamada de ‘Hinduísmo’.
Segundo os acadêmicos, a evolução do Hinduísmo pode ser dividida em três períodos: o antigo (6.500 a.C. – 1.000 d.C), o medieval (1.000 a 1.800 d.C.), e o moderno (1.800 d.C. até o presente). O Hinduísmo é considerado a religião mais antiga da história da civilização humana.
Antigamente acreditava-se (inclusive eu!!!) que as doutrinas básicas do Hinduísmo foram trazidas à Índia pelo arianos que invadiram as civilizações do Vale do Indo e se estabeleceram ao longo das margens do rio Indo em torno de 2.000 a.C. No entanto, a suposta invasão do subcontinente indiano pelo Arianos foi invalidada e atualmente é considerada nada mais que um mito.
Princípios Básicos
O Hinduísmo não tem um sistema unificado de crenças e idéias. Ele é um fenômeno e representa um amplo espectro de crenças e práticas que por um lado são parecidas com o paganismo, panteísmo e similares, e por outro lado são idéias metafísicas muito profundas e abstratas.
Já que religião e cultura são termos praticamente permutáveis no Hinduísmo, expressões sentimentais como ‘bhakti’ (devoção) ou ‘dharma’ (o que é certo) e ‘yoga’ (disciplina) são usadas para descrever aspectos essenciais da religião. O Hinduísmo acredita na adoração de ídolos, reencarnação, ‘karma’, ‘dharma’, e ‘moksha’. Alguns ideais morais no Hinduísmo incluem não-violência (acho que a maioria de nós já ouviu falar de como Gandhi conseguiu liderar o povo indiano para lutar contra a dominação britânica partido desse princípio!), autenticidade, amizade, compaixão, coragem, auto-controle, pureza e generosidade (que tal aproveitarmos o ano vindouro para nos inspirarmos em tais princípios???). A vida humana é dividida em quatro estágios, e para cada estágio existem rituais e ritos específicos, desde o nascimento até a morte.
Escrituras
Dois tipos de textos sagrados constituem as escrituras Hindus: o que é ouvido (sruti) e memorizado (smriti).
A literatura sruti se refere à rotina dos antigos santos Hindus que levavam uma vida solitária nas florestas, onde desenvolviam uma consciência que os permitiam ‘ouvir’ ou perceber as verdades do universo. A literatura sruti é dividida em duas partes: os Vedas e os Upanishads.
Há quatro Vedas: o Rig Veda (Conhecimento Real), o Sama Veda (Conhecimento dos Cânticos), o Yajur Veda (Conhecimento dos Rituais Sacrificiais) e o Atharva Veda (Conhecimento das Encarnações).
Já os Upanishads são mais numerosos. Há 108 deles no total. Os 10 mais importantes são: Isa, Kena, Katha, Prashna, Mundaka, Mandukya, Taitiriya, Aitareya, Chandogya e Brihadaranyaka.
A literatura smriti se refere aos poemas e épicos memorizados ou lembrados. Eles são mais populares entre os Hindus, pois são mais fáceis de entender, explicam verdades universais através de simbolismo e mitologia, e contêm algumas das histórias mais bonitas na História da literatura religiosa mundial. Os três textos mais importantes da literatura smriti são:
Bhagavad Gita – A mais conhecida das escrituras Hindus, chamada de “Canção do Divino Mestre”, escrita no 2o. século a.C. e forma a sexta parte do Mahabharata. Ela contém algumas das mais brilhantes lições teológicas sobre a natureza de Deus e da vida que já foi escrita. Também inspirou nosso querido Raul e seu amigo Paulo Coelho a escreverem a canção Gita. Ouçam-na mais uma vez, dessa vez prestando atenção!!!
Mahabharata – O mais longo poema épico, escrito a partir do 9o. século a.C., trata da luta de poder entre as famílias Pandava e Kaurava, com episódios que compõem a vida. É um livro que mostra a formação do povo Hindu, assim como o Velho Testamento conta a história do Povo Judeu. É leitura obrigatória para todos aqueles que um dia pretendem conhecer um pouco dessa cultura tão rica!!!
Ramayana – O mais popular dos épicos Hindus, composto por Valmiki por volta dos 4o. ou 2o. séculos a.C. com adições tardias até o ano 300 d.C. Ele descreve a história do casal real de Ayodha – Rama e Sita e toda uma legião de outros personagens e seus feitos. Esse eu ainda preciso ler... L
Deuses e Deidades
O Hinduísmo acredita que existe apenas uma força suprema e absoluta chamada Brahman. No entanto, o Hinduísmo é mais associado a uma multiplicidade de Deuses e isso não defende a adoração de uma deidade particular. Os Deuses e Deusas do Hinduísmo chegam a milhares, todos representando os muitos aspectos de Brahman.
A mais fundamental das deidades Hindus é a Trindade de Brahma, Vishnu e Shiva – respectivamente o criador, o mantenedor e o destruidor. O Hindus também adoram espíritos, árvores e animais. As Deidades são representadas por uma complexidade de imagens e ídolos simbolizando poderes divinos. Muitos desses ídolos são abrigados em templos ornamentados e beleza e grandeza incomparáveis.
Bom, vou ficando por aqui com a sensação de que não falei nem um quinto do que deveria ter dito... Mas realmente espero ter plantado aquela sementinha e que vocês se sintam mais próximos dessa cultura tão apaixonante que é a cultura Hindu!
TAT TVAM ASI
Sarasvati
O Hinduísmo é essencialmente um fenômeno indiano. É a fé dominante na Índia, praticado por mais de 80% da população. Já que a religião é um modo de vida, o Hinduísmo forma uma parte integral de toda a tradição indiana. Eu vou apresentar aqui somente uma breve discussão nas bases dessa religião universal.
Definição
Não é nem um pouco fácil definir Hinduísmo, pois ele é mais do que uma religião no sentido ocidental. Também conhecido por seus praticantes por Sanatana Dharma, o que significa religião duradoura ou religião/verdade/regra eterna, o Hinduísmo pode ser mais bem definido como um modo de vida baseado nos ensinamentos de sábios e escrituras antigas como os Vedas e os Upanishads. A palavra dharma conota ‘o que sustenta o universo’ e na verdade significa qualquer caminho de disciplina espiritual que leva a Deus.
O Hindu Dharma pode ser comparado a uma árvore frutífera, com suas raízes representando os Vedas e os Upanishads, seu tronco grosso simbolizando as experiências espirituais de inúmeros sábios e santos, seus galhos representando várias tradições teológicas, e os frutos em si, com diferentes tamanhos e formas, simbolizando várias seitas e subseitas. No entanto, o conceito de Hinduísmo resiste abertamente a uma definição definitiva devido sua singularidade.
Singularidade
O Hinduísmo não tem um fundador, ou qualquer doutrina central para onde as controvérsias possam se referir para uma resolução. Também não há um ponto no tempo quando pode-se dizer que ele se iniciou. Não é necessário que seus partidários aceitem qualquer idéia, e por isso é cultural, não doutrinário, com uma história contemporânea às pessoas com as quais é associado. Também é marcado por uma atitude que parece acomodar perspectivas religiosas e culturais em vez de perspectivas próprias, e por isso é caracterizado por uma rica variedade de idéias e práticas resultando no que parece ser uma multiplicidade de religiões sob o termo ‘Hinduísmo’.
O Hinduísmo é talvez a única tradição religiosa que é tão diversificada que é como uma compilação de religiões. O Hinduísmo nunca pode ser classificado em qualquer sistema de crença particular – monismo, teísmo, monoteísmo, politeísmo, panteísmo, panenteísmo – já que todos esses sistemas estão refletidos em suas muitas facetas.
Origem
De acordo com os historiadores, a origem do Hinduísmo tem cerca de 5.000 anos ou mais. A palavra Hindu vem do nome do Rio Indo, que corre no norte da Índia. Em tempos antigos o rio era chamado de ‘Sindhu’, mas os persas que migraram para a Índia o chamaram de ‘Hindu’, a terra de ‘Hindustão’ e seus habitantes de ‘Hindus’. Por isso a religião seguida pelos Hindus veio a ser chamada de ‘Hinduísmo’.
Segundo os acadêmicos, a evolução do Hinduísmo pode ser dividida em três períodos: o antigo (6.500 a.C. – 1.000 d.C), o medieval (1.000 a 1.800 d.C.), e o moderno (1.800 d.C. até o presente). O Hinduísmo é considerado a religião mais antiga da história da civilização humana.
Antigamente acreditava-se (inclusive eu!!!) que as doutrinas básicas do Hinduísmo foram trazidas à Índia pelo arianos que invadiram as civilizações do Vale do Indo e se estabeleceram ao longo das margens do rio Indo em torno de 2.000 a.C. No entanto, a suposta invasão do subcontinente indiano pelo Arianos foi invalidada e atualmente é considerada nada mais que um mito.
Princípios Básicos
O Hinduísmo não tem um sistema unificado de crenças e idéias. Ele é um fenômeno e representa um amplo espectro de crenças e práticas que por um lado são parecidas com o paganismo, panteísmo e similares, e por outro lado são idéias metafísicas muito profundas e abstratas.
Já que religião e cultura são termos praticamente permutáveis no Hinduísmo, expressões sentimentais como ‘bhakti’ (devoção) ou ‘dharma’ (o que é certo) e ‘yoga’ (disciplina) são usadas para descrever aspectos essenciais da religião. O Hinduísmo acredita na adoração de ídolos, reencarnação, ‘karma’, ‘dharma’, e ‘moksha’. Alguns ideais morais no Hinduísmo incluem não-violência (acho que a maioria de nós já ouviu falar de como Gandhi conseguiu liderar o povo indiano para lutar contra a dominação britânica partido desse princípio!), autenticidade, amizade, compaixão, coragem, auto-controle, pureza e generosidade (que tal aproveitarmos o ano vindouro para nos inspirarmos em tais princípios???). A vida humana é dividida em quatro estágios, e para cada estágio existem rituais e ritos específicos, desde o nascimento até a morte.
Escrituras
Dois tipos de textos sagrados constituem as escrituras Hindus: o que é ouvido (sruti) e memorizado (smriti).
A literatura sruti se refere à rotina dos antigos santos Hindus que levavam uma vida solitária nas florestas, onde desenvolviam uma consciência que os permitiam ‘ouvir’ ou perceber as verdades do universo. A literatura sruti é dividida em duas partes: os Vedas e os Upanishads.
Há quatro Vedas: o Rig Veda (Conhecimento Real), o Sama Veda (Conhecimento dos Cânticos), o Yajur Veda (Conhecimento dos Rituais Sacrificiais) e o Atharva Veda (Conhecimento das Encarnações).
Já os Upanishads são mais numerosos. Há 108 deles no total. Os 10 mais importantes são: Isa, Kena, Katha, Prashna, Mundaka, Mandukya, Taitiriya, Aitareya, Chandogya e Brihadaranyaka.
A literatura smriti se refere aos poemas e épicos memorizados ou lembrados. Eles são mais populares entre os Hindus, pois são mais fáceis de entender, explicam verdades universais através de simbolismo e mitologia, e contêm algumas das histórias mais bonitas na História da literatura religiosa mundial. Os três textos mais importantes da literatura smriti são:
Bhagavad Gita – A mais conhecida das escrituras Hindus, chamada de “Canção do Divino Mestre”, escrita no 2o. século a.C. e forma a sexta parte do Mahabharata. Ela contém algumas das mais brilhantes lições teológicas sobre a natureza de Deus e da vida que já foi escrita. Também inspirou nosso querido Raul e seu amigo Paulo Coelho a escreverem a canção Gita. Ouçam-na mais uma vez, dessa vez prestando atenção!!!
Mahabharata – O mais longo poema épico, escrito a partir do 9o. século a.C., trata da luta de poder entre as famílias Pandava e Kaurava, com episódios que compõem a vida. É um livro que mostra a formação do povo Hindu, assim como o Velho Testamento conta a história do Povo Judeu. É leitura obrigatória para todos aqueles que um dia pretendem conhecer um pouco dessa cultura tão rica!!!
Ramayana – O mais popular dos épicos Hindus, composto por Valmiki por volta dos 4o. ou 2o. séculos a.C. com adições tardias até o ano 300 d.C. Ele descreve a história do casal real de Ayodha – Rama e Sita e toda uma legião de outros personagens e seus feitos. Esse eu ainda preciso ler... L
Deuses e Deidades
O Hinduísmo acredita que existe apenas uma força suprema e absoluta chamada Brahman. No entanto, o Hinduísmo é mais associado a uma multiplicidade de Deuses e isso não defende a adoração de uma deidade particular. Os Deuses e Deusas do Hinduísmo chegam a milhares, todos representando os muitos aspectos de Brahman.
A mais fundamental das deidades Hindus é a Trindade de Brahma, Vishnu e Shiva – respectivamente o criador, o mantenedor e o destruidor. O Hindus também adoram espíritos, árvores e animais. As Deidades são representadas por uma complexidade de imagens e ídolos simbolizando poderes divinos. Muitos desses ídolos são abrigados em templos ornamentados e beleza e grandeza incomparáveis.
Bom, vou ficando por aqui com a sensação de que não falei nem um quinto do que deveria ter dito... Mas realmente espero ter plantado aquela sementinha e que vocês se sintam mais próximos dessa cultura tão apaixonante que é a cultura Hindu!
TAT TVAM ASI
Sarasvati
Assinar:
Postagens (Atom)