Redação Central, 2 jun (EFE) - Os homens de hoje fazem guerras pelo petróleo, mas os antepassados pré-históricos estavam dispostos a matar para se apoderar das mulheres de seus vizinhos, segundo um estudo da universidade britânica de Durham.
Os cientistas, que publicam os resultados de sua pesquisa no último número da revista acadêmica "Antiquity", chegaram a essa conclusão após analisar 34 esqueletos enterrados há sete mil anos em uma vala comum de três metros de comprimento em Talheim, no sudoeste da Alemanha.
Do total, 25 corpos eram de homens e crianças de uma mesma tribo, a qual teria sido atacada para que os agressores se apoderassem das mulheres, já que não havia qualquer fêmea do grupo entre os mortos, segundo o antropólogo Alex Bentley, principal autor do estudo.
"Tudo parece indicar que essa comunidade tenha sido escolhida especificamente como alvo, como ocorre em um ciclo de vingança entre grupos rivais, e embora os recursos e a população tenham sido sem dúvida fatores na Europa Central nessa época, as mulheres parecem ter sido a razão imediata do ataque", ressaltou.
A maioria das vítimas morreu devido a um golpe na parte esquerda do crânio, o que sugere que foram amarradas e executadas, possivelmente com um machado de pedra, segundo o estudo. Outras aparentemente foram atingidas por trás por setas, como se tentassem fugir.
Bentley disse à Agência Efe que a vala comum foi descoberta na década de 80 e já então os especialistas alemães puderam comprovar que as vítimas foram alvo de um ataque premeditado, pela natureza de seus ferimentos.
Mas só técnicas de laboratório atuais, como a análise das assinaturas isotópicas de estrôncio, carbono e oxigênio nos dentes dos esqueletos, permitiram conhecer dados vitais sobre a origem geológica e a dieta das vítimas, explicou.
A pesquisa permitiu determinar que na vala comum tinham sido enterrados três grupos de pessoas: quatro membros de uma tribo de pastores -duas mulheres e dois homens-, uma família de cinco pessoas -um homem, duas mulheres e dois menores -, e os 24 membros da tribo local, todos homens e crianças.
"Nossa análise parece indicar que as mulheres locais eram consideradas especiais e foram deixadas com vida", segundo Bentley.
O antropólogo reconheceu, no entanto, que não se sabe quem foram os agressores e se os outros nove esqueletos faziam parte destes.
Mas descartou que as mulheres tenham sido poupadas por motivos humanitários, "já que as crianças foram sacrificadas".
Segundo a pesquisa, da qual participaram investigadores do University College de Londres, da universidade de Wisconsin (Estados Unidos) e uma organização governamental alemã, "os achados arqueológicos deste estudo pela primeira vez sugerem que a violência para conseguir um parceiro já existia nos tempos pré-históricos".
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