SWAMI KRISHNANANDA (discipulo de Swami Sivananda)
sábado, dezembro 08, 2007
O Significado do Ekadasi
SWAMI KRISHNANANDA (discipulo de Swami Sivananda)
As 7 bençãos do casamento Hindu
A cerimônia hindu, um rito conhecido como Samskara, tem muitos componentes e é muito bonito, especial e recheado de encantamentos, bençãos sânscritas e rituais milenares. Na Índia ele pode durar semanas ou dias, enquanto que no Ocidente ele dura apenas 2 horas.
Um aspecto importante da cerimonia Hindu é acender um fogo sagrado, criado a partir de ghee (uma espécie de manteiga) e fios de lã, para evocar o deus Agni (Fogo), para testemunhar a cerimonia.
O ponto alto é Saptapadi, também chamado de "Os sete passos". Tradicionalmente o sari da noiva é amarrado ao Kurta do noivo, ou um véu deve ser amarrado do ombro do noivo ao sari da noiva.
Ele lidera, com os dedos mínimos unidos, os sete passos ao redor do fogo, enquanto o sacerdote recita 7 bençãos ou votos para um casamento forte. Enquanto andam ao redor do fogo, os noivos concordam com os votos. A cada passo, eles jogam pequenas porções de arroz no fogo, representando prosperidade em sua nova vida juntos. Essa é considerada a parte mais importante da cerimônia, e sela a união para sempre.
As sete bençãos são as seguintes:
1. Que esse casal seja abençoado com a abundância de recursos e conforto, e se ajudem em todos os sentidos.
2. Que esse casal seja forte e que se complementem.
3. Que esse casal seja abençoado com prosperidade e riquezas em todos os níveis.
4. Que esse casal seja eternamente feliz.
5. Que esse casal seja abençoado com uma vida em família harmoniosa.
6. Que esse casal viva em perfeita harmonia, verdadeiros aos seus valores pessoais e às promessas em comum.
7. Que esse casal sempre seja o melhor dos amigos.
Uma coisa que eu aprecio muito na cerimonia hindu é que a noiva e o noivo sobem ao altar como o Deus e a Deusa na forma humana. Em muitas partes da Índia a noiva é considerada Lakshmi, Deusa da Fortuna, e o noivo é seu consorte Vishnu, o Grande Mantenedor.
E é exatamente assim que os noivos devem se sentir ao trocar os votos: um casal divino!
(http://hinduism.about.com/od/matrimonial1/a/7blessings.htm?nl=1)
sexta-feira, dezembro 07, 2007
Devi, a Reluzente
Quando os deuses celestiais caíram exauridos após a batalha com os demônios o rei Mahishasura com sua natureza bondosa aproveitou a oportunidade para reunir um grande exercito e se autodeclarar o senhor dos céus, o governante do universo.
Essa blasfêmia chegou aos ouvidos de Vishnu que muito zangado emitiu uma forte luz de sua testa, Shiva também se zangou e ao descender de seu estado sublime de meditação emitiu um forte raio de luz ofuscante na mesma direção do raio de Vishnu. Brahma, Indra e outros deuses poderosos fizeram o mesmo emitindo raios de luz e todos esses raios se juntaram em um mesmo ponto e aos poucos a concentração abrasante das luzes assumiu a forma de uma mulher. A luz de Shiva formou o seu rosto, de Yama seu cabelo, de Vishnu seus braços, de Chandra seus seios, de Indra sua cintura, de Varuna suas coxas, da Terra seus quadris, de Brahma seus pés, de Agni, o deus do fogo, os Seus três olhos. Assim todos os deuses contribuíram com seus poderes para manifestar a auspiciosa Devi, a grande deusa Mãe. (o nome Devi deriva-se da raiz sânscrita divi que significa brilhar, assim Devi significa a reluzente).
Os imortais fizerem suas preces e a adoraram com louvores, ornamentos e armas. Shiva lhe deu um tridente, com o seu próprio. Vishnu um disco poderoso. Indra um raio. Surya, o deus do sol, lhe concedeu raios em todos os poros de sua pele e Varuna o deus do oceano, lhe presenteou com brincos, braceletes, e uma coroa de jóias divina e uma guirlanda de lótus que jamais murcha. Os deuses gritaram em uníssono, que a vitória seja da Mãe. No momento que os batalhões de demônios se aproximavam rufando seus tambores, em meio aos gritos de batalha, e ao soar das conchas. Devi era de uma estatura enorme e os demônios marchavam diretamente para Ela e ao se aproximarem atacaram-na de todos os lados, com flechas, macas, espadas e lanças. Devi emitia um som ensurdecedor urrando e rindo um sorriso aterrador e desafiante. Os dez braços dEla giravam de uma forma alternada esmagando assim as armas dos demônios e os arremessando contra seus pares. De uma só vez Ela levantava dezenas de demônios e os matava com Sua espada. Outros Ela nem se dignava levantar, paralizando-os com o tremendo barulho de Seus sinos esmagando-os após com sua maça. Quando Ela lutou com o demônio Raktabhija a terrível Mãe deusa se defrontou com vários problemas. Esse demônio tinha poderes que lhe permitiam criar novos demônios a partir de seu próprio sangue. Assim quando a deusa o feria cada gota de sangue que pingava no chão imediatamente brotava outro demônio plenamente desenvolvido. Mas no final a Mãe o sobrepujou, levantando Raktabhija e evitando que as gotas de sangue caíssem no chão, bebendo seu sangue. Esmagou-o entre seus dentes e o engoliu. Houve outro demônio que tentou sobrepujar a deusa com seus poderes mágicos. Sempre que estava ameaçado ele mudava sua forma e sua cor, porem quem pode escapar da grande Mãe? Pego pelo laço dEla cuspindo sangue o demônio foi capturado pela Devi e como uma criança que puxa um trem de brinquedo Ela o arrastou pelo campo de batalha onde já havia muitos e muitos demônios partidos ao meio pela afiada lâmina de sua espada. Agarrando alguns elefantes com uma mão, Devi jogava-os para dentro de sua boca juntamente com os demônios condutores. E assim Ela furiosamente os esmagava com seus dentes. Ela agarrou um dos demônios pelo cabelo e outro pelo pescoço, o primeiro era esmagado pelo peso de Seu pé e o outro com o Seu corpo. A presença devastadora da Mãe preenchia até mesmo as alturas do céu. Nuvens negras cobriam o local enquanto relâmpagos atemorizantes iluminavam as formas horripilantes em terra. Lá se via milhares de demônios, sem braços, sem pernas, dilacerados e cortados ao meio.
Quando Mahishasura, o rei dos demônios, viu que seu exército havia sido devastado pelos golpes da assombrosa Deusa Mãe, ele foi tomado por uma fúria devastadora. Seu corpo se expandiu assumindo a forma de um búfalo gigantesco e aterrador. Ele estava envenenado com sua própria força e valor e por isso rugia de maneira desafiadora e assim investiu contra Devi.
A Deusa gritou, ó touro você pode berrar agora, mas quando Eu o destruir, em breve, serão os deuses que irão bradar em vez de você. A terra começou a tremer com as batidas dos pés da Deusa. Mahishasura lutava com todas suas forcas e poder, mas não conseguia sobrepujar Devi. Por isso ao final ele apelou ao senso de justiça dEla dizendo que não era justo ele estar lutando com alguém tão mais poderosa. Ele alegava que Ela foi ajudada por inúmeras deusas como Durga, Kali, Chamunda, Ambhika e outros enquanto ele, Mahishasura estava só na batalha. Ela disse, eu estou sozinha, você esta vendo alguém ao meu lado? Você não percebe, ó vilão que essas deusas são apenas diferentes aspectos do meu poder e que depois retornarão a Mim. Aqui estou apenas eu mesma. Não recue, defenda-se.
E assim a selvagem batalha continuou e o demônio gigante atacou a deusa Mãe com chuvas de flechas. Ele girava discos, e brandia a maça e o bastão. Mas tudo era em vão. Ele foi morto com a lança da Devi. Assim liberando aquela alma de seu corpo e mente de natureza maligna.
As nuvens de poeira carregavam o forte odor de carne putrefata e pele chamuscadas para o horizonte que se mostrava com um forte tom vermelho sangue. Os demônios estavam mortos e o sangue deles se acumulava em poças em volta das carcaças dos elefantes e dos cavalos. Ainda insistiam em lutar contra Devi apenas alguns demônios sem cabeça. A batalha havia terminado bem como os estridentes gritos, agora se ouviam apenas os uivos dos chacais e das hienas. Nada mais havia para se matar, porém a Mãe em sua forma de Kali totalmente intoxicada pelo sangue que bebera continuava a carnificina esmagando e dilacerando os corpos já mortos dos demônios. Assim a celebração que já havia começado entre os deuses ao ver a cólera da Mãe, rapidamente foi se transformando em medo. Quem poderia parar a sua fúria? Apenas o grande Deus Shiva poderia executar tal tarefa. Untado de cinzas, o terceiro deus da trindade hindu, partiu para o campo de batalha e ali se deitou imóvel entre os cadáveres enquanto ao longe os deuses o observavam. Devi em sua fúria intoxicada andava em ziguezague entre os corpos e de repente ela se viu pisando em um belo corpo masculino nu e untado com cinzas brancas. Cheia de admiração Ela ficou paralisada por um instante olhando diretamente para os olhos dEle, Seu marido Shiva. Quando Ela percebeu que tocava o corpo de seu marido divino com seus pés, um ato de desrespeito impensável para uma mulher hindu, Kali estirou Sua língua envergonhada e isso pôs fim a destruição que Ela executava.
A antiga lenda de Devi, a grande deusa Mãe, tem passado de geração a geração entre os hindus que é proveniente de um livro sagrado dos shaktas tantras chamado Chandi. Embora essa narração sanguinária e sentimental seja alegórica, devemos considerar qual seu significado intrínseco para a sociedade hindu de hoje. Do ponto de vista religioso e social essa lenda reafirma o poder protetor do arquétipo da Mãe que é parte integral da vida familiar hindu. No ocidente, a mulher de família é observada primordialmente no seu papel de esposa, enquanto na Índia a mulher sempre é vista como Mãe. Mesmo a mulher solteira, sem filhos geralmente é chamada de mataji (Mãe). Isso é um gesto de respeito porque os hindus consideram a posição da Mãe como sendo suprema.
Na Índia, especialmente na Bengala, adora-se a grande Mãe com cerimônias de grande esplendor. Uma vez por ano durante o festival de outono chamado Durga puja é reencenada a história da estupenda protetora e assim juntam-se lado a lado intelectuais e analfabetos para adorar a Mãe nos templos, nos lares e nos pandals que se montam nas ruas. A grande Mãe abençoa esses esforços na forma da certeza de que todo ano o bem sempre Irá sobrepujar o mal.
Do ponto de vista filosófico, essa lenda é uma representação alegórica da guerra constante que acontece dentro de todos nós, ou seja, a batalha entre a nossa natureza divina contra a demoníaca. Na lenda da deusa Mãe cada uma de nossas paixões e vícios tem o seu demônio representativo, por exemplo, Sumbha é o demônio que corporifica a luxúria, Nisumbha a ambição e Mahisasura a ira.
Um famoso erudito indiano Sashi Bushan Das Gupta escreveu um artigo intitulado "Evolução da Adoração a Mãe na Índia". Ele disse: "Sempre que nossas paixões se vêem em perigo de serem erradicas ou anuladas, elas mudam de forma e cor e tentam escapar disfarçadas. Isso está bem ilustrado na história de alguns dos demônios que mudam de forma quando se defrontam com Shakti, poder divino. O fato é que essas nossas paixões e instintos têm raízes tão profundas em nós que na maioria das vezes parecem ser indestrutíveis, ou seja, ao pensarmos que acabamos com um de imediato vem outro substituir. Vemos isso bem ilustrado na luta da deusa com o demônio Raktabija que para cada gota de sangue caída ao chão brotava um outro demônio revigorado e feroz. É o despertar da Mãe dentro de nós ou seja termos plena consciência do poder divino trabalhando em nós que torna o homem forte e dotado do imenso poder de Deus. (Grandes mulheres da Índia pg. 80, por Svami Madhavananda e Ramesi Chandra)"
Alguns hindus falam da grande Mãe com a veemência de um filho que ameaça outra criança ao disputarem um brinquedo: "A minha Mãe vai te castigar se você não der isso para mim." Essa forte crença na Deusa que cuida das necessidades terrenas e espirituais parece ser infantil para os que vivem no mundo dos adultos dominados pela razão. Porém, se perscrutarmos com cuidado as camadas construídas pelos valores ditados pela sociedade, a maioria de nós concordará que em algum lugar no fundo de nossa alma existe uma vereda reconfortante reservada para nossa Mãe terrena bem como para nossa Mãe arquétipo. Muitos povos na história da humanidade depositaram sua crença no poder da Mãe deusa como sendo a força diretriz do universo. Svami Vivekananda ficou famoso no ocidente ao ensinar a forma mais elevada do Vedanta aham brahmasmi (Eu sou Brahmam, Eu sou Deus) é um exemplo. Não preste reverência a nenhum outro Deus exceto ao Eu que está dentro de você. Porém mesmo Svami Vivekananda em seu extremo racionalismo teve que reconhecer a Mãe Kali. Ele falou para alguns devotos de seu circulo intimo sobre sua paixão intima pela Mãe divina. O que se segue é uma transcrição de uma palestra que Svami Vivekananda proferiu para um pequeno grupo em um chalé no Thousand Island Park: "A Mãe é a primeira manifestação de poder e se considera como o ideal superior ao pai. O nome da Mãe traz a idéia de shakti, energia divina e onipotência. Para o recém nascido sua Mãe tem todo o poder e é capaz de fazer qualquer coisa. A Mãe divina é o kundalini que está adormecido dentro de nós, se não a adoramos jamais iremos nos conhecer. Os atributos da Mãe divina é misericórdia plena, poder total, e onipresença. Ela é a soma total da energia no universo. Toda e qualquer manifestação de poder no universo provém da Mãe. Ela é vida, inteligência, amor. Ela está no universo ainda que separada dele. Ela é uma pessoa que pode ser vista e conhecida. Da mesma forma que Shri Ramakrishna a viu e a conheceu. Estabelecidos na idéia dessa Mãe, qualquer coisa nos é possível. Ela responde imediatamente a nossas preces. Ela pode se mostrar a nós em qualquer forma a qualquer momento. A Mãe divina pode ter forma, rupa, e nome, (nama), ou ainda ter nome sem a forma. E a medida que nós a adoramos em seus diferentes aspectos podemos nos elevar de ser puro, ou seja sem nome nem forma... Um pedaço da Mãe, uma gota foi Krishna, outra foi Buda, outra foi Cristo. Adoração mesmo de uma centelha da Mãe no nosso lar terreno levanos a grandeza. Adore a Ela se você deseja amor e sabedoria. (Spirit Talks por Svami Vivekananda, pg. 48-49)"
quarta-feira, outubro 31, 2007
Mitos que metem medo
Atenção. Eles são capazes de qualquer coisa. De azedar o leite a raptar crianças que teimam em não dormir; de tirar gente do rumo de casa a roubar presentes. Quebram pontas de agulha, desferem coices, queimam os desavisados. Tem de todo o tipo, pra todo gosto e de todos os cantos. O Cabeça de Guia vem do Piauí; o Negrinho do Pastoreio, do Rio Grande do Sul; a Cobra Norato, do Pará; o Tibanaré, do Mato Grosso. Tem uns que não se sabe nem de onde vêm. A quadrilha é tão extensa que não caberia num almanaque dedicado todinho a ela.
Ao longo do tempo, perseguida, essa turma acabou se refugiando longe das histórias que contamos para as crianças. Em 1947, Câmara Cascudo já alertava para o risco de extinção. Em Geografia dos Mitos Brasileiros, para garantir-lhes sobrevida, resolveu prendê-los num campo, bem pobre e curto, mas enfim um campinho onde poderão ser vistos em maior número que no meio das matas, dos capoeirões e das várzeas brasileiras, dos rios, dos ares e das montanhas da Pátria. Fez efeito. Hoje, parte fundamental dos registros sobre nossa riqueza mitológica está nas páginas do patrono deste almanaque. E de lá, vira-e-mexe, saltam de volta para o terreno da imaginação dos leitores.
MAL NECESSÁRIO
Segundo o crítico literário Fábio Lucas, os mitos brasileiros servem de referência para que nos identifiquemos enquanto grupo social. "Se alguém fala na Iara, por exemplo, você sabe que é brasileiro. A nação identifica esses símbolos." No interior do País, lendas viram romances e cantorias em feiras. "Remetem a tempos fabulosos, em que o homem era um prolongamento da natureza, as árvores e os animais falavam", completa.
Este atenuante é válido. Mas como justificar o medo que instilam nas pessoas, dos senis aos mais jovens? O psicanalista Mário Corso, no livro Monstruário, defende que essa sensação colabora para nosso bem-estar: "É ótimo para as crianças. É mais fácil saber do que se tem medo. Ruim com eles, pior sem". Para Mário, na cultura ocidental, Deus e o Diabo travam batalha sem fim: enquanto um organiza, o outro bagunça o mundo. E com os dois em baixa atualmente, os entes fantasiosos cumprem bem o papel. "Precisamos desses monstros, pois sozinhos não conseguimos explicar o mal, por isso criamos símbolos para sintetizá-los". Que tenha início então o julgamento.
Saci: Já foi tema de livros, filmes e programas de tevê. Há três tipos: o Saci Trique, o Saçurá e o Pererê. Os dois primeiros são coadjuvantes, mas o último, com vocação para a liderança, é altamente perigoso. Delinquente de uma perna só, com capuz vermelho e cachimbo na boca, é acusado de amarrar o rabo de cavalos, atormentar cachorros e atropelas galinhas. Na cozinha, estraga a sopa, azeda o leite, além de queimar a comida. Apronta também com as costureiras, derrubando dedais, quebrando a ponta de agulhas, escondendo tesouras e embaraçando novelos. Deixa os pregos de ponta pra cima. Apesar da brandura de suas malvadezas, é réu reincidente. Prova disso é que Monteiro Lobato, já em 1918, compilou num inquérito as acusações que pesavam sobre o malandrinho, reunindo depoimentos de crianças de todo o Brasil - hoje, seguramente, todas avós, bisavós e tataravós. Acusação: Crime de injúria, caracterizado por ferir a honra pessoal da vítima. A ação penal prossegue mediante representação. Detenção de um a seis meses, ou multa, caso não haja acusações de maltrato a animais.
Mula-sem-cabeça: Alguns a conhecem como Burrinha de Padre. originalmente, era uma mulher. Desavisada, envolveu-se pecaminosamente com um padre. Daí em diante, toda a noite de quinta-feira se transforma em uma mula incrivelmente veloz, com uma chama no lugar da cabeça. De longe se ouve seu galope fantástico e seu cavalgar pesado, barulhento. Se calha de aparecer alguém atrás, desfere coices que cortam como navalhas. Toda a gente se assusta, bem como os bichos. Só quando o galo canta a terceira vez na manhã seguinte, volta à forma humana. Pela história de mulher sofrida, e pelo fato de já estar pagando por seus pecados, terá sua pena abrandada. Acusação: Lesão corporal. Pena de três meses a um ano de detenção. Cabível progressão de pena. O réu pode responder a processo em liberdade.
MBoitatá: Cobra de fogo, tem grandes e assustadores olhos. Vive na água, mas é na terra que persegue suas vítimas, com o pretexto de proteger as matas e os animais. Diz que só ataca quem maltrata a natureza. Mas há evidências em contrário: o jesuíta José de Anchieta, em 1560, relatou o caso da labareda viva que perseguia gratuitamente as pessoas. O que se sabe de concreto é que suas vítimas morrem, ou de medo ou queimadas. E que o algoz camufla-se atrás de vários pseudônimos: Boitatá, Bitatá, Batatá, Batatão e Baetatá.Um alerta. Se encontrar MBoitatá por aí, há duas saídas: ou ficar parado, estático mesmo, de olhos fechados e sem respirar; ou, caso você esteja sobre um rápido alazão, trate de fazer uma armadilha com uma corda. Quando alcançar boa velocidade, atire a corda com força contra uma árvore. MBoitatá se espatifará. mas não hesite: logo ela se reagrupa. Acusação: Falsidade ideológica: pena de reclusão de um a cinco anos e multa. Pode aguardar julgamento em liberdade. E também homicídio doloso privilegiado, por motivo de relevante valor social: pena mínima (seis anos).
Homem do Saco: Ser urbano, esse sujeito aterrorizador caminha pelas ruas com um saco nas costas. Se uma criança sai de casa sozinha, o elemento rapta-a de prontidão. Apesar de preferir crianças desobedientes, todas correm perigo. Uma vez dentro do saco, o apreendido descobre o que o homem carrega: mais crianças. Uma porção delas. É uma viagem só de ida. O modernista Menotti Del Picchia, em seu conto Salomé, relata a existência dessa figura, que se escondia sob o pseudônimo de Tinoco. Dizem que o Homem do Saco começou suas atividades ilícitas na Inglaterra, onde pais malvados amarravam fitas vermelhas nos pés da cama, indicando as crianças que poderiam ser levadas. Há quem diga que isso tudo é balela; que são ameaças dos pais para que seus filhos não saiam de casa inadvertidamente. Pelo sim, pelo não, cara criança, se vir um homem na rua com as características apontadas acima, volte correndo para dentro de casa. Acusação: Cárcere privado. Reclusão de até três anos. Caso se verifique a participação dos pais, agravamento da pena por formação de quadrilha.
Lobisomem: Criminoso astuto, começou suas atividades sabe-se lá onde. Para alguns, veio da Grécia, onde Licaon, rei da Arcádia, teria servido carne humana a Zeus. Furioso, o deus supremo o teria transformado em lobo. Fugiu então para Roma. Perambulou por séculos pela Europa. Depois de muito fugir, o maldito veio parar no Brasil. Dizem que se esconde hoje na paulista Joanópolis, no sopé da Serra da Mantiqueira, embora haja indícios que não seja um, mas muitos. Corre à boca pequena que leva vida dupla: de dia age naturalmente, sem despertar suspeitas. Mas em noite de Lua Cheia transforma-se em lobo. Vagando sobre quatro patas, se não mata suas vítimas, transforma-as em lobisomem. No dia seguinte, o bandido acorda com suas roupas rasgadas, cansado, apático e amarelo. A ciência ainda não descobriu cura para readaptar esse tipo à sociedade. Armas comuns são inúteis. Só há duas maneiras de contê-lo, dizem: tiro de bala de prata ou com projétil revestido com cera de vela de altar, no qual celebraram-se três missas natalinas. Acusação: Homicídio qualificado praticado por motivo fútil: vai a júri popular. Crime hediondo. Pena de 12 a 30 anos. Caso fosse réu primário, poderia cumprir parte da pena em regime aberto. Como é estrangeiro clandestino, está sujeiro a extradição sumária.
Cuca: Também conhecida como Coca, é velha, feia e desgrenhada. Aparece de noite para levar embora crianças inquietas, que teimam em não dormir quando os pais mandam. Não por acaso, existe uma canção de ninar (na verdade um aviso para os mais levado): Nana, neném, que a Cuca vem pegar / Papai foi pra roça, mamãe pro cafezal. Articulou uma quadrilha que possibilita agir simultaneamente em várias regiões do País, raptando crianças sem deixar rastro. Em diversas partes do mundo sabe-se de sua existência. Recentemente, passou por transformações tão radicais que testemunhas relataram parecer-se mais com um dragão, ou um jacaré: tem o corpo repleto de escamas, uma boca enorme e uma cabeleira vermelha (não se sabe se usa tintura). Acusação: Formação de quadrilha. Artigo 288 do Código Penal. Pena de um a três anos. Cárcere privado: até três anos de reclusão. Reincidente, circunstância agravante que aumenta o tempo de pena. Para diminuí-la, a defesa pode alegar crime continuado (dois ou mais crimes da mesma espécie).
Ouvidas as testemunhas, acusações e defesas, resolve-se livrar a barra dos acusados. A favor deles pesam os seguintes fatos: aguçam a curiosidade, revelam sobre nossa identidade, estimulam a criatividade, engrossam com muita sustança nosso caldo cultural. Que venham novos acusados, que se somem mais relatos, que se crie, no fértil terreno das idéias, tantos campos quanto puderem abrigar nossas lendas e mitos. E nem poderia mesmo ser diferente. Eles se multiplicam, estão em qualquer lugar, surgem a qualquer hora em que risque a fagulha de novas histórias. Afinal, haverá cadeia capaz de aprisionar a imaginação?
quinta-feira, outubro 25, 2007
Rabindranath Tagore
Gitanjali
Deixa a cantilena, o cântico e a recitação de contas de rosário!
A quem veneras neste recanto solitário e escuro dum templo de portas fechadas?
Abre teus olhos e vê que teu Deus não está diante de ti!
Ele está onde o agricultor está lavrando o chão duro e onde o pedreiro está rachando pedras.
Ele está com eles no sol e na chuva, e sua roupa está coberta de poeira.
Remove teu manto sagrado e como Ele desça para o chão empoeirado!
Libertação? Onde se encontra esta libertação?
Nosso mestre assumiu pessoalmente com alegria os vínculos da criação;
Ele está vinculado a nós para sempre.
Sai de tuas meditações e deixa de lado tuas flores e o incenso!
Que mal há se tuas roupas ficam gastas e manchadas?
Encontra-o e fica com Ele na faina e no suor de tua face.
Minha canção
Minha canção te envolverá com sua música, como os abraços sublimes do amor. Tocará o teu rosto como um beijo de graças. Quando estiveres só, se sentará a teu lado e te falará ao ouvido. Minha canção será como asas para os teus sonhos e elevará teu coração até o infinito. Quando a noite escurecer o teu caminho, minha canção brilhará sobre ti como a estrela fiel. Se fixará nos teus lindos olhos e guiará teu olhar até a alma das coisas. Quando minha voz se calar para sempre, minha canção te seguirá em teus pensamentos.
sábado, outubro 20, 2007
O DANÇARINO
Em uma floresta no sul da Índia habitava uma grande população de sábios hereges. Então Shiva resolveu passar por lá, afim de contrariá-los, e com ele foi Vishnu, disfarçado como uma linda mulher. O que aconteceu primeiro foi uma imensa confusão; os sábios começaram a brigar entre si. Mas logo se uniram para destruir Shiva, através de encantamentos... Humpf, mal sabiam o que estavam fazendo. Então fizeram um fogo sacrificial, e dele criaram um tigre ferocíssimo, que partiu para cima do Iogue. Mas sorrindo gentilmente, Shiva o dominou e, com a unha de seu dedo mindinho, arrancou sua pele e a amarrou na cintura, como se fosse um pedaço de seda. Com aquela cara-de-tacho, os sábios renovaram suas oferendas e produziram uma serpente monstruosa. Shiva olhou para aquilo e, com a maior tranqüilidade do mundo, dominou-a, colocando-a em seu pescoço como se vestisse uma guirlanda. Então ele começou a dançar. Numa última e desesperada tentativa, os sábios enviaram sobre ele um último monstro, na forma de um anão maligno. O deus pressionou-o sob a ponta de seu pé, e quebrou as costas da criatura, que se retorceu no solo. E então, com seu último inimigo prostrado, Shiva parou de dançar.
Essa é a representação de Shiva como Nataraja, o rei dos dançarinos. Mas para entender o conceito do Nataraja, é preciso compreender a dança em si. Assim como a Ioga, a dança nos leva ao transe, ao êxtase, à vivência do divino, à compreensão da própria natureza e à ligação com a essência divina. Por isso, na Índia, a dança conviveu lado a lado com as severas práticas ascéticas e meditação (jejuns, exercícios respiratórios, introversão absoluta). O que explica o fato de Shiva, que é o Grande Iogue dos deuses, ser também o senhor da dança.
A dança é um ato criador. A dança de guerra converte os homens em guerreiros, despertando suas virtudes bélicas. A dança da caçada antecipa o êxito da caça, transformando os participantes em infalíveis caçadores. Para despertar os poderes da fecundidade, os dançarinos imitam os deuses da vegetação, da sexualidade e da chuva. Dessa forma, ela tem uma função cosmogônica, ou seja, desperta as energias que estão adormecidas dentro de nós para que dêem forma ao universo. Shiva é o Dançarino cósmico, incorpora em si mesmo a energia eterna que torna manifesta. As forças que reúne e projeta são os poderes da evolução, preservação e dissolução do universo. A natureza e todas as criaturas são o efeito dessa dança eterna.
A iconografia da imagem do Nataraja é repleta de significados. Sua mão direita superior leva um pequeno tambor, tipo uma ampulheta, que serve para a marcação do ritmo de sua dança. Ele é o som, veículo da fala e portador da revelação, tradição, encantamento, magia e verdade divina. Na Índia, o som é associado ao éter, o primeiro dos cinco elementos. Dele emanaram ar, fogo, água e terra. Por isso, som e éter significam o verdadeiro momento da criação. Há também uma lenda que diz que quando Shiva concedeu a sabedoria ao ignorante Panini (hoje reconhecido como um grande conhecedor da gramática sânscrita), o som do tambor encapsulava a totalidade da gramática sânscrita. Tanto que o primeiro verso da gramática de Panini é chamado de Shiva Sutra. O tambor-ampulheta também representa os princípios vitais do masculino e do feminino. Dois triângulos penetram a si mesmos para formar um hexágono e, quando se partem, o universo também se dissolve.
No lado oposto, a mão esquerda superior (cujos dedos formam uma meia-lua), mostra na palma uma língua de fogo. Nós sabemos que o fogo é o elemento da destruição do mundo. De acordo com a mitologia hindu, no término do Kali yuga (era na qual vivemos), o fogo aniquilará o corpo da criação, sendo ele próprio apagado pelo oceano do vazio. Dessa maneira as mãos se equilibram, som/fogo, criação/destruição, dando o balanço da dança.
A segunda mão direita faz o gesto abhaya-mudra - “não temas”, que confere proteção e paz. O dançarino é como um pai que nos embala.
A outra mão esquerda aponta para baixo, para o pé esquerdo erguido. Este é o pé que significa a liberação, onde encontramos refúgio e salvação. Para que alcancemos a união com o Absoluto, ele precisa ser venerado. O que mais me impressiona, e que eu particularmente acho interessantíssimo é que a mão que aponta para o pé tem uma pose que imita a tromba de um elefante. Esse gesto é conhecido como gaja-hasta-mudra, e nos lembra o filho de Shiva, Ganesha, o “Removedor de Obstáculos”.
O deus dança sobre o corpo prostrado do anão-demônio, de nome Apasmara Purusa. Purusa significa Homem e apasmara quer dizer Esquecimento ou Imprudência, por isso o anão simboliza a cegueira da vida, a ignorância humana. Toda a energia criativa só é possível quando o peso da inércia é superado e reprimido. O Dançarino nos fala para deixar de lado a complacência e reunirmos nossos atos.
O palco onde o deus dança é um anel de fogo e luz (prabha-mandala) que o circunda. Ele significa os processos vitais do universo e de suas criaturas. É também a energia da sabedoria, a luz transcendental do conhecimento da verdade, cuja dança emana da personificação do todo. A imagem repousa num pedestal de lótus, que aloca o universo no coração e consciência de cada um de nós. É provável que a origem do anel flamejante se refira ao aspecto destrutivo de Shiva-Rudra; mas a destruição, em Shiva, é idêntica à liberação.
O dançarino personifica e manifesta a energia eterna em suas cinco atividades (pañca-kriya). A primeira é a Criação (sristi), o derramar ou expandir. Depois a Preservação (sthiti), a duração. Em terceiro vem a Destruição (samhara), o retorno ou reabsorção, seguido por Encobrimento (tiro-bhava), o velar do verdadeiro ser por trás das vestes e máscaras das aparências, da indiferença, da manifestação de Maya. Por último a graça (anugraha) - a aceitação do devoto, o reconhecimento do iogue, a concessão da paz através de uma manifestação reveladora. Essa revelação é não apenas simultânea, como também seqüencial. Todas as cinco atividades são manifestadas em seqüência, simultaneamente à pulsação de cada momento, através das transformações temporais.
O movimento incessante e ondulante dos membros de Shiva Nataraja faz um contraste com a estabilidade da cabeça e a imobilidade do semblante de máscara. Shiva é Kala, “O Negro”, “O Tempo”; mas é também Maha Kala, “O Grande Tempo”, “A Eternidade”. Seus gestos precipitam a ilusão cósmica, seus braços e pernas velozes, o ondular do torso produzem a contínua criação-destruição do universo, a morte contrabalançando de modo preciso o nascimento, a aniquilação como fim de cada criação. A coreografia é o redemoinho do tempo. O ritmo cíclico é marcado pelas batidas dos pés do Mestre. Mas a face mantém-se calma e soberana. Há uma tensão entre a dança e a serenidade de seu semblante: é a tensão entre a eternidade e o tempo. Nós temos a tendência de nos apegarmos à dualidade, com ansiedade e prazer. Mas a dualidade na verdade não existe. A ignorância, a paixão, o egoísmo, desintegram a experiência da essência suprema, na ilusão de um mundo de existências individuais. Este mundo, entretanto, EXISTE, apesar de toda sua fluidez, e jamais terá fim.
O cabelo do Shiva é um capítulo à parte. Eles são longos e revoltos, metade soltos e a outra parte encontra-se presa, como se fosse uma pirâmide. Uma energia vital sobrenatural, correspondente ao poder da magia, reside nesses cabelos enredados que a tesoura jamais tocou. Eles se expandem, formando duas asas à esquerda e direita, uma aura em suas ondas mágicas, a exuberância da vida sensorial.
Sabemos que grande parte do charme feminino está na fragrância, no brilho de uma linda cabeleira. É o apelo sensual do Eterno Feminino, poder criador. Por isso, quem quer renunciar às forças geradoras do reino animal, indo contra os princípios procriadores da vida, do sexo, da terra e da natureza, para ingressar na via espiritual do ascetismo absoluto deve raspar os cabelos. Isso é uma representação de um ancião, cujos cabelos já caíram, e que já não é mais parte da cadeia de geração.
Já o Shiva é duas coisas opostas: o asceta arquetípico e o dançarino arquetípico. Por um lado ele é a serenidade total, a calma absorvida em si, absorto no vazio do Absoluto, onde todas as distinções se fundem e dissolvem, todas as tensões estão em repouso. Mas por outro lado ele é a atividade total, a energia da vida, frenética e lúdica.
O dançarino representa não apenas um evento qualquer de uma deidade local, mas uma visão universal onde as forças da natureza e as aspirações e limitações do homem confrontam-se e são unidas. Se alguém tivesse que escolher um único ícone para representar o extraordinariamente rico e complexo patrimônio cultural da Inda, o Shiva Nataraja poderia ser o candidato mais indicado.
quinta-feira, outubro 04, 2007
Meu querido
Você tem razão em tantas coisas que diz pra mim. É verdade que às vezes eu não escuto, minhas piscianices me isolam num mundo só meu. Mas eu entendo você sim, e reconheço tudo o que já fez por mim. Você esteve ao meu lado nesses últimos três anos, e já segurou todas as barras possíveis. Me apoiou, me confortou, me ensinou, e me deu um amor maior que tudo o que eu já conheci. Com você seguirei meu caminho, principalmente o caminho dos deuses, pois é você quem eu quero. O amor que eu sinto por você é algo grande demais, imenso, infinito. Você me fez, faz e sempre fará muito feliz e eu quero fazer o mesmo por ti. Por MAYA.
terça-feira, outubro 02, 2007
Amor eterno
Esse final de semana foi extremamente especial. Especial porque eu tive a oportunidade de entrar em contato com uma das pessoas que eu mais amo na minha vida. Saber que esse amor é correspondido e eterno me deixou mais que feliz. Mas o que realmente me tocou foi saber que essa pessoa está bem, em paz. Que aprova as escolhas que eu fiz. Essa descoberta foi feita no meio de pessoas que eu amo, amigos queridos, para os quais eu entreguei minha alma, sem reservas. Pessoas que estão me ajudando a encontrar meu caminho espiritual, a entrar em contato com a minha deusa. As experiências que eu tenho vivenciado neste último ano são indescritíveis e não há nada no mundo hoje que possa me desviar do meu caminho. Em resumo, estou feliz por ser quem sou e por ter os amigos que tenho.
quinta-feira, setembro 13, 2007
Independência ou morte!
quarta-feira, setembro 05, 2007
Recado
segunda-feira, setembro 03, 2007
Amigos
terça-feira, agosto 28, 2007
Rakhi: A Corda do Amor
segunda-feira, agosto 20, 2007
Alimentando os Deuses
quinta-feira, julho 26, 2007
Achados de Blogmundo
For A Woman To Say To A Man
I want your lips like
the God I am waiting for,
the one God, the bubbling
God of my echoing innocence.
Your stubble is rough and you leave marks
and I bite back hungry
from times having lived
in a violent world,
but when your lips touch,
my bites become brittle
and break and my mouth opens
inviting your tongue, wet.
In despairing dreams in dark
nights your lips repeal the void
and if suddenly you see
blood drenched pillows, kiss,
because your lips
will be for my mouth,
my body,
swabs,
such soft sponges.
I’ll give up my gusto, if you want,
my madness, too, and my breaths, but
do not retreat your lips from
me, in me, upon me.
Do not pull back the burning brands
the molten iron that sizzles
the steam that you make hiss
devilish joy into my skin,
God,
the sudden waves you make, in me, in me,
with the flame in your lips.
(Ali Eteras - http://eteraz.wordpress.com/)
quarta-feira, julho 18, 2007
terça-feira, julho 17, 2007
Tapa na Pantera
Quando você estiver meio down, num dia cinzento e chuvoso como esses que a gente vem tendo aqui em São Paulo, passear pelo YouTube é sempre uma ótima idéia!!!
segunda-feira, julho 16, 2007
Om: Símbolo do Absoluto
~ Katha Upanishad I
Om ou Aum é de grande importância no Hinduísmo. Esse símbolo é a sílaba sagrada que representa Brahman, o Absoluto impessoal do Hinduísmo - onipotente, onipresente, e a fonte de toda a existência manifesta. Brahman, por si mesmo, é incompreensível; então um símbolo é obrigatório para nos ajudar a entender o Incognoscível. Om representa tanto o aspecto não-manifesto (nirguna) quanto o manifesto (saguna) de Deus. Por isso é chamado de pranava, para significar que ele penetra na vida e corre através de nosso prana ou respiração.
Apesar de o Om simbolizar o mais profundo conceito da crença hindu, ele é usado diariamente. Os hindus começam seu dia ou qualquer trabalho ou uma viagem expressando Om. O símbolo sagrado é geralmente encontrado no cabeçalho de cartas, no começo de monografias e assim por diante. Muitos hindus, como uma expressão de perfeição espiritual, usam o Om como um pingente. Esse símbolo é santificado em todo templo hindu ou de alguma outra forma nos templos familiares.
De acordo com o Mandukya Upanishad, “Om é a sílaba una eterna da qual tudo que existe é desenvolvimento. O passado, o presente e o futuro estão incluídos nesse som único, e tudo que existe além dessas três formas de tempo está embutido nele também".
Om não é uma palavra, mas sim uma entonação, que, como música, transcende as barreiras de idade, raça, cultura e até mesmo espécie. Ele é feito de três letras sânscritas, aa, au e ma, que quando combinadas fazem o som Aum ou Om. Acredita-se que ele seja o som básico do mundo e que contenha todos os outros sons. Ele sozinho é um mantra ou oração. Se repetido com a entonação correta, ele pode ressoar pelo corpo de forma que o som penetre no centro do ser, a atman ou alma.
O Om tem um ponto de vista dualístico. Por um lado, ele projeta a mente além do imediato para o que é abstrato e inexpressível. Por outro lado ele faz o absoluto mais tangível e compreensível. Ele contém todas as potencialidade e possibilidades; ele é tudo o que foi, é, ou ainda vai ser. Ele é onpotente e por isso continua indefinido.
Subhamoy Das (traduzido por Sarasvati)
domingo, junho 03, 2007
Aftermath
Bodies are buried; survivors keep watch.
The earth is just burning.
We have terrible questions,
And those who slaughtered feel the same longing.
Somewhere hope hovers over
Forrest Hamer
segunda-feira, maio 14, 2007
Paganismo e Cidadania
Se você não é um monge budista, uma freira carmelita descalça ou um ermitão, então com certeza já deve ter ouvido essa palavra: CIDADANIA. Mas será que sabe o que ela significa? E o que ela tem a ver com o paganismo?
Voltando do sítio ontem à noite, pela Rodovia Bunjiro Nakao (uma estradinha tortuosa que liga Vargem Grande Paulista à Piedade), eu fiquei impressionada com a quantidade de motoristas, geralmente em seus carros último modelo, que, sem ter noção nenhuma de respeito ao próximo, ignoravam completamente as “regras de etiqueta rodoviária” (leia-se “Código de Trânsito”) e simplesmente grudavam na traseira do nosso carro com a luz alta praticamente cegando o motorista em todos os espelhos, forçando-nos a sair da estrada (sem acostamento), só porque seu carro era mais novo ou mais potente (ta, podem até existir outros motivos, de repente o cara estava indo tirar o pai da forca, ou então estava com uma tremenda diarréia, eu particularmente torço pela segunda opção). O que eu me pergunto é: será que essas pessoas se esqueceram completamente o que é viver em sociedade?
A realidade em que vivemos está cada vez mais nos fazendo acreditar que quanto mais temos, mais podemos. Não existe mais o conceito de que “todos são iguais perante a lei”, e essa imagem é reforçada diariamente quando vemos televisão ou lemos nos jornais aqueles que deveriam servir de exemplo máximo de integridade, nossos governantes, comendo pizza nas CPIs do Congresso. Ou seja, “se eu tenho dinheiro pra comprar um Corola 2007, por que tenho que ficar atrás desse carro velho? Sou melhor e mereço estar sempre na frente” tsc tsc tsc. O que esse ser merece são umas boas palmadas!!!
O que mais me dá esperança é o fortalecimento do neopaganismo. A partir do momento que acreditamos que os deuses estão em todos os lugares, e não apenas no céu vigiando todo mundo com seu olhar inquisidor e punidor, e sabemos que nossas contas são pagas aqui, e às vezes agora, e não no Dia do Juízo Final, passamos a respeitar mais aqueles com quem convivemos. Nós acreditamos (pelo menos EU acredito) nos deuses que vivem nas pessoas. Por exemplo, já pensou furar uma fila no banco e ficar bem na frente de uma Nêmesis com pressa e mil contas a pagar? Xiii......
Quando colocamos um Deus lá no céu, podemos fazer o que quisermos com a Terra. Mas nós já sabemos as conseqüências disso, não é mesmo? Aquecimento global, poluição, desmatamento, desigualdade social, fome... Já o paganismo traz os deuses de volta! Nós convivemos com eles, somos seus templos, seus locais de adoração. Isso torna nossa rotina num ato de viver sagrado.
São esses os valores que o paganismo tem que passar para as próximas gerações. Ao invés de se ficar discutindo sobre (auto)iniciação, rodas do ano e quem está certo ou errado, quem pode mais ou menos, quem é grande ou não, a maior responsabilidade dos pagãos hoje em dia é transmitir as idéias de RESPEITO, INTEGRIDADE, HONESTIDADE e CIDADANIA. Quem sabe assim o paganismo possa finalmente ser levado a sério!
quinta-feira, abril 26, 2007
Adoração à Mãe
Swami Vivekananda (Obras Completas – Vol. VI)
Os dois fatores conjuntos de percepção dos quais nós nunca conseguimos nos livrar são a felicidade e a infelicidade – as coisas que nos trazem dor também nos trazem o prazer. O nosso mundo é feito dessas duas coisas. Nós não podemos nos livrar delas; elas estão presentes no pulsar da vida. O mundo está ocupado tentando reconciliar esses opostos e os sábios tentando achar a solução dessa mistura dos opostos. O escaldante calor da dor é interrompido por breves descansos, os débeis raios de luz cortam a escuridão em flashes intermitentes apenas para realçar a profunda escuridão.
As crianças nascem otimistas, mas o resto da vida mostra-se uma contínua desilusão; sequer um ideal pode ser completamente alcançado, a sede mal pode ser completamente mitigada. Dessa forma se continua na busca da solução para esse enigma, e a religião assumiu para si essa tarefa.
Nas religiões dualistas, entre os persas, havia um Deus e um Satã. E isso, através dos judeus se espalhou por toda a Europa e América. Essa era uma hipótese que funcionava há milhares de anos atrás; mas agora nós sabemos, ela não é sustentável. Não existe nada absolutamente bom ou ruim; uma coisa é boa para uma pessoa e ruim para outra; o mal hoje, o bem amanhã e vice-versa....
No princípio Deus era, é claro, o Deus de um clã, então Ele se tornou o Deus dos deuses. Com os antigos egípcios e os babilônios essa idéia (dessa dualidade Deus/Satã) era aplicada de forma muito prática. O Moloch deles se tornou o Deus dos deuses e os deuses capturados eram forçados a prestar reverência em Seu templo.
Ainda assim o enigma continua: Quem é responsável por esse mal? Muitos esperam o impossível de que tudo é bom e que somos nós que não entendemos. Nos agarramos às migalhas enquanto enterramos nossas cabeças na areia. Mas ainda assim todos nós seguimos a moralidade que tem como âmago o sacrifício – não eu mas Vós. E ainda assim, como tudo isso se choca com a idéia de um grande e bom Deus do universo! Ele é tão egoísta, a pessoa mais vingativa que conhecemos, com suas pragas, a fome e a guerra!
Todos nós devemos ter experiências nesta vida. Podemos tentar fugir das experiências amargas, mas mais cedo ou mais tarde elas nos alcançam. E eu tenho pena do homem que não encara o todo.
O Manu Deva dos Vedas na Pérsia foi transformado em Arimã. A explicação mitológica dessa questão estava morta, mas a pergunta permaneceu. E não houve resposta. Ficou sem solução.
Mas havia uma outra idéia nos antigos hinos védicos à Deusa: “Eu sou a luz. Eu sou a luz do sol e da lua; eu sou o ar que anima todos os seres”. Este foi o embrião que mais tarde se desenvolveu na adoração à Mãe. Na adoração à Mãe não se faz diferença entre pai e mãe. A primeira idéia que se depreende é a idéia da energia – Eu sou o poder que reside em todos os seres.
O bebê é corajoso. Ele prossegue até se tornar um homem de poder. A idéia de bem e mal no início era indiferenciada, não havia ainda sido desenvolvida. Uma consciência em desenvolvimento tem o poder como sua idéia principal. Resistência e esforço a cada passo são a lei. Nós somos o resultado dessas duas coisas, energia e resistência, poder interno e externo. Cada átomo está criando e resistindo a todos os pensamentos na mente. Tudo o que nós vemos e conhecemos não é senão o resultado dessas duas forças.
Essa idéia de Deus é algo novo. Nos hinos védicos Varuna e Indra banham os devotos com os mais preciosos presentes e bênçãos, uma idéia muito humana, mais humana que o próprio homem.
Esse é o novo princípio. Existe apenas um poder por detrás de todo o fenômeno. Poder é poder em todos os lugares, quer seja na forma do mal ou como salvador do mundo. Então essa é a nova idéia. A velha idéia era homem e Deus. E aqui está a primeira abertura da idéia de um poder universal.
“Eu estico os arcos de Rudra quando Ele deseja destruir o mal” (Rig Veda, X. 125, Devi-Sukta).
Logo no começo do Bhagavad Gita encontramos (IX, 19, também X. 4-5): “Ó Arjuna, Eu sou a existência e a não-existência, Eu sou o bem e o mal, Eu sou o poder dos santos, eu sou o poder dos perversos.” Mas logo, aquele que fala remenda a verdade e essa idéia adormece. Eu sou o poder no bem enquanto se executam as boas obras.
Na religião da Pérsia, havia a idéia de Satã, mas na Índia não existe nenhum conceito de Satã. Mais tarde os livros começaram a trazer esta nova idéia. O mal existe e não há como se esquivar desse fato. O universo é um fato; e se ele é um fato, ele é uma grande mistura do bem e do mal. Quem quer que governe deve governar sobre o bem e o mal. Se esse poder nos faz viver, esse mesmo poder nos faz morrer. O riso e a lágrima são parentes, e existem mais lágrimas do que risos no mundo. Quem fez as flores, quem fez os Himalaias? – um Deus muito bom. Quem fez meus pecados e minhas fraquezas? – Karma, Satã, ser. O resultado é um universo manco e naturalmente o Deus do universo é um Deus manco.
A vista da absoluta separação entre o bem e o mal, como duas realidades com existências apartadas, nos torna antipáticos, de corações embrutecidos. A boa mulher repudia a prostituta. Por quê? Ela pode ser infinitamente melhor que você em muitos aspectos. Esta visão traz um ciúme e um ódio eterno no mundo, eternas barreiras entre homem e homem, entre o homem bom e aquele comparativamente menos bom ou mesmo mau. Essa visão brutal é puro mal, pior do que o próprio mal. Bem e mal não tem existências separadas, mas existe uma evolução do bem, e aquilo que é menos bom nós chamamos mal.
Alguns são santos, outros pecadores. O sol brilha sobre o bem e o mal da mesma forma. Existe alguma distinção para ele?
A velha idéia da paternidade de Deus está conectada com a doce noção de um Deus responsável pela felicidade. Nós queremos negar os fatos. O mal é não-existente, é zero. O “Eu” é o mal e existe demais. Sou eu um “zero”?. Todos os dias tento me ver assim e falho. Todas essas idéias são tentativas de se esquivar do mal, mas nós temos que encará-lo. Encarar o todo! Por acaso eu assinei algum contrato de amar a Deus apenas parcialmente, quando ele me dá felicidade e aquilo que é bom e não quando ele me apresenta a infelicidade e o mal?
A luz sob a qual uma pessoa falsifica uma assinatura e uma outra assina um cheque de milhares de dólares para mitigar a fome, brilha sobre ambos, não conhece nenhuma diferença. A luz não conhece o mal – você e eu fazemos dela algo bom ou mal.
Esta idéia deve ter um novo nome. Ela é chamada Mãe, porque num sentido literal ela teve início há muito tempo atrás com uma escritora sendo elevada à categoria de deusa. Então veio o Sânkhya, e com ele toda a energia é feminina. O imã está imóvel e as limalhas de ferro estão ativas.
O mais elevado de todos os papéis femininos na India é o da mãe, mais elevado que o de esposa. Esposa e filhos podem abandonar um homem, mas sua mãe nunca o abandona. A mãe o ama da mesma forma ou talvez até um pouco mais. A mãe representa o amor transparente que não conhece troca, o amor que nunca morre. Quem pode ter tal amor? – somente a mãe, não o filho, nem a filha ou a esposa.
“Eu sou o Poder que se manifesta em todos os lugares”, diz a Mãe – É Ela quem está criando este universo, e é Ela quem em seguida o destruirá. Desnecessário dizer que a destruição é apenas o começo da criação. O pico de um monte é apenas o início de um vale.
Seja corajoso, encare os fatos como fatos. Não julgue o universo pelos seus males. Males são males. E daí?
Afinal de contas, tudo não passa de um jogo da Mãe. Nada muito sério. O que poderia mover a Toda Poderosa? O que fez a Mãe criar o universo? Ela poderia não ter nenhuma meta. Porquê? Porque a meta é algo que ainda não foi atingido. Por que, então, existe a criação? Apenas por diversão. Nós nos esquecemos disto e começamos a brigar e a sofrer a infelicidade. Nós somos os companheiros de jogos da Mãe.
Olhe a tortura que a mãe suporta para criar o bebê. Será que ela desfruta disto? Certamente. Jejuando e rezando e vigiando. Ela a ama mais do que a qualquer outra coisa. Porquê? Porque não existe egoísmo.
O prazer virá – bom: quem o proíbe? A dor virá – dê as boas vindas a ela também. Um mosquito estava pousado sobre o chifre de um touro; então sua consciência o incomodou e ele disse: “Sr. Touro, eu estou pousado no seu chifre há um bom tempo. Talvez eu o esteja incomodando. Desculpe-me, eu irei embora.” Mas o touro respondeu, “Oh, não, absolutamente! Traga toda a sua família e vivam todos no meu chifre; que mal vocês podem me fazer?”
Por que não podemos dizer a mesma coisa para a infelicidade? Ser corajoso é ter fé na Mãe!
“Eu sou a Vida, Eu sou a Morte”. Ela é aquela cuja sombra é a vida e a morte. Ela é o prazer em todos os prazeres. Ela é a infelicidade em toda a infelicidade. Se a vida vem, é a Mãe; se a morte vem, é a Mãe. Se o paraíso vier, é Ela. Se vier o inferno, ali está a Mãe. Mergulhe nEla. Nós não temos nem fé, nem paciência para ver isso. Nós confiamos no homem da rua, mas existe um ser neste universo em quem nunca confiamos. E esse é Deus. Nós confiamos nEle quando ele funciona a nosso favor. Mas chegará o momento quando, golpe após golpe, a mente auto-suficiente morrerá. Em tudo o que fazemos, a serpente do ego está se elevando. Somos felizes por existirem tantos espinhos no caminho, porque eles ferem a serpente.
Por último virá a auto-entrega. Só então seremos capazes de nos entregar à Mãe. Se a infelicidade chega, que seja bem-vinda. Se a felicidade chega, que seja bem-vinda. Só assim, quando chegarmos a esse amor, tudo o que é torto se endireitará. O brahmin, o pária e o cachorro serão vistos da mesma forma. Até que amemos o universo com a mesma visão, com um amor imparcial e imortal, estaremos sempre perdendo. Mas então tudo haverá desaparecido e veremos em tudo a mesma infinita e eterna Mãe.
O beijo proibido
Índia ordena prisão de Richard Gere por beijo
Os beijos repetidos dados por Gere na face de Shetty num evento para promover a conscientização da Aids em Nova Délhi provocaram protestos em partes da Índia, principalmente por parte de grupos de defesa dos valores hindus, que viram os beijos como ultraje ao pudor da atriz e afronta à cultura indiana.
A ordem emitida por um tribunal de Jaipur, no norte da Índia, foi dada em resposta a uma queixa formulada por um advogado local.
O juiz assistiu a uma gravação em vídeo de Gere beijando Shetty e considerou o ator culpado de infringir as leis indianas contra a obscenidade pública, disse o advogado, Poonam Chand Bhandari.
O tribunal convocou Shilpa Shetty a comparecer em 5 de maio, disse Bhandari, acrescentando que um mandado de prisão foi emitido contra Gere.
Se for detido, o ator poderá ser preso por até três meses ou multado, ou, ainda, ambas as coisas. Ele não está na Índia no momento, mas poderá ser preso se voltar ao país.
O astro de Hollywood é budista devoto e forte defensor da causa tibetana. Ele costuma fazer viagens frequentes à Índia para encontrar o Dalai Lama, que vive no exílio no norte da Índia.
Gere também está envolvido com entidades beneficentes que cuidam de órfãos e soropositivos, além de grupos de prevenção da Aids na Índia.
Grupos de homens queimaram e chutaram bonecos de palha representando Gere e Shetty em protestos esporádicos realizados em várias partes do país, depois de os jornais publicaram a foto do beijo em suas primeiras páginas e de a TV exibir a cena.
Shilpa Shetty, vencedora do "Celebrity Big Brother" da televisão britânica este ano, disse que o beijo "pode ter sido um pouco exagerado", mas que não foi obsceno, e que os protestos fazem a Índia parecer um país atrasado.
Ela disse que Gere estava apenas reencenando alguns trechos de sua atuação no filme "Dança Comigo?" para divertir o público do evento anti-Aids e comunicar-se em estilo de Bollywood, já que não fala hindi.
Muitos comentaristas já expressaram seu repúdio diante do que, afirmam, são grupos marginais que querem criar uma tempestade em copo d'água em torno de um inofensivo beijo no rosto.